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Dança dos Figurinos: entrevista com Pablo Ramon

O Pablo Ramon foi bailarino e iniciou como figurinista no Grupo Primeiro Ato. Ele também elaborou e assinou as peças de vários festivais de encerramento de ano do nosso Centro de Dança. Foram nove anos de parceria presencial em Belo Horizonte e nas turnês pelo Brasil adentro e afora.

Natural do Rio Grande do Norte, hoje ele traça novas linhas e percursos profissionais do outro lado do Atlântico, na Alemanha. Nós mantemos laços de afeto e uma comunicação que nos alimenta para seguirmos mais fortes. O seu talento e a sua pessoa nos é muito caro e especial. Uma marca da nossa união é a potência da troca.

Os figurinos dos últimos espetáculos de rua e de palco do Grupo foram assinados por ele: Pequenos Atos de Rua (2011) e Passagem (2016); InstHabilidade (2014), Três Luas (2015) e Terreiro (2016). Na escola ele assinou vários festivais de palco, até antes da pandemia, no ano de 2019.

A nossa conversa foi recheada de lembranças e muito emocionante, com tempero de saudades. Vocês podem conferir alguns trechos no vídeo abaixo, junto à algumas imagens de palco e dos croquis maravilhosos que ele desenha:

Os seus desenhos faziam tanto sucesso que as alunas sonhavam com o dia de experimentar as roupas. O difícil era alcançar na realidade tamanha magia que ele conseguia provocar durante os processos. No Grupo alguns figurinos ele até colocou a mão na massa com sua mãe para alcançar o mais próximo possível no concreto aquilo que foi idealizado. O fato de fazer parte do elenco e do processo de figurino, fez com que o Pablo enxergasse mais cada bailarino e professor de modo individual e o figurino como meio de comunicação, de conceitos e ideias, assim como o movimento. Para ele, um figurino pode ser referência para um espetáculo.

Semana que vem vamos apresentar a entrevista com um artista que nos acompanha por todas as décadas de nossa existência, o Marco Paulo Rolla. Lembramos que essas entrevistas fazem parte da nossa pesquisa de acervo dentro do Projeto ‘Dança dos Figurinos’, contemplado pelo edital da Lei Aldir Blanc 2020, do estado de Minas Gerais (https://www.secult.mg.gov.br/leialdirblanc).

Dança dos Figurinos: entrevista com Ronaldo Fraga

A nossa história está intrinsicamente ligada aos figurinos. Os tecidos, formas, volumes e composições são intimamente relacionados aos corpos dos bailarinos, aos episódios, conceitos e linguagens que compõem a nossa trajetória. Os figurinistas tiveram um papel importantíssimo na composição cênica e artística do Grupo, e muitos deles já eram ou e se tornaram grandes amigos que temos o prazer de contar e nos inspirar!

Hoje vamos falar um pouco sobre a nossa entrevista com o Ronaldo Fraga, mineiro, de Belo Horizonte. Ele é um dos nomes mais conceituados do cenário da moda no país e já fez figurinos para diversos artistas. Com o Grupo Primeiro Ato, ele elaborou e assinou as peças do espetáculo Adorno (2010). A conversa foi deliciosa e vocês podem conferir alguns trechos abaixo:

Uma das colocações de Ronaldo que nos chamou a atenção é a de que para ele, fazer roupas para o mundo da moda e para apresentações artísticas é a mesma coisa. Segundo o artista, ambos formam os personagens que vestimos e dizem muito daquilo que acreditamos e identificamos, como também, do que não somos e queremos aparentar. A humildade com que ele se expressa a respeito da experiência profissional também foi um ponto de reflexão, já que para ele ela pode te levar a repetição, e sem emoção e riscos o trabalho pode ficar morno.

Ronaldo considera essencial sentir prazer em fazer um projeto e gostar da ideia. Sua paixão com o nordeste e norte de Minas também é marcante: “o borogodó está lá… onde me oxigeno, inspiro e renovo”. Mário de Andrade é um de seus mentores intelectuais, que trouxe essa importância de pensar e sentir essa região do país. Para o artista, a face da formação mestiça, onde o Brasil efetivamente se misturou é lá. A gastronomia, música, histórias, revelam muito isso. Essa raiz cultural da chegada dos cristãos novos na mistura com povos africanos e indígenas. “O nordeste é a nossa face do diverso!”.

Para finalizar, destacamos o impacto do período pandêmico em sua vida e nas nossas vidas. O artista acredita que envelhecemos muitos anos nessa experiência e que é necessária e urgente a reinvenção de um novo mundo!

Gostou? O que mais você gostaria de saber sobre estes assuntos?

Na semana que vem vamos mostrar um pouco da nossa entrevista com o Pablo Ramon. Esperamos vocês!

Esse projeto é contemplado pelo edital da Lei Aldir Blanc 2020, do estado de Minas Gerais.

 

 

 

Primeiro Encontro do Projeto Dança dos Figurinos

entre fibras, fios, aromas, água, café e muitas tramas..

Foi dada a largada da nossa pesquisa de acervo dos 40 anos do Grupo 1 Ato, envolvendo os figurinos e materiais cênicos de mais de 20 espetáculos do repertório, desde os primeiros anos de existência até a atualidade. No vídeo acima, produzido pela Limão Capeta Filmes, é possível sentir um pouco do que foi o primeiro encontro que realizamos no nosso Espaço de Acervo e Criação Compartilhada, no bairro Jardim Canadá, em Nova Lima.

Nesse momento, o fio condutor e a trama foram as próximas cenas a serem criadas, a partir das que já se passaram e continuam presentes em nossos pensamentos, sentimentos e sensações. Os bailarinos mais jovens do grupo e os mais experientes começaram a assistir materiais multimídias em suas residências, com gravações de espetáculos desde a década de 1990, e na conversa presencial, relembramos episódios, conceitos e linguagens que compõem a nossa trajetória, como base para o nosso trabalho de pesquisa no Projeto Dança dos Figurinos, aprovado pelo edital da Lei Aldir Blanc de 2020, do Estado de Minas Gerais. Esse edital tem nos impulsionado a continuarmos vivos e ativos com dignidade nesse ano de 2021, em meio ao contexto da pandemia do COVID-19, que perpetua e abala a nossa sociedade e as artes no nosso país.

Ao falarmos da nossa história e dos diálogos artísticos e afetivos que compõem o nosso percurso, dos artistas de ontem, de hoje e amanhã, de grupos e da formação e capacitação artística e técnica no Brasil, os figurinos foram a motivação e pretexto. As fibras, tecidos, formas, composições que mais chamaram a atenção e marcaram cenas e épocas, junto aos objetos e cenários, compondo as diferentes e originais estéticas, uma das marcas do 1 Ato. Foi assim, impossível falar de um sem o outro. Os corpos, os tecidos, os momentos, as possibilidades, as diferentes épocas, os cronogramas atuais e as atemporalidades artísticas. As formatações, agendas, medidas, quantidades, possibilidades, e também os espaços do que não sabemos. O feminino nos homens, de ontem e hoje. O feminino nas mulheres. A falta dele nelas e neles, e em todas as novas nomenclaturas que movimentaram o pensar, as falas, as questões e posicionamentos. O compreender o outro, o Grupo, a história e a contemporaneidade. As mulheres nas artes cênicas e suas intermediações: Inês Peixoto, Morena Nascimento, Nena Inoue, Pamela, Paula e Gilda Vaz, Guida, Maria Inês, Dudude Herman, Silvania de Deus, entre outras em nossa mesa. Os Figurinistas: Pablo Ramon, Ronaldo Fraga, Silma Dornas, Marco Paulo Rolla, entre outros. O caminho trans, LGBTQIA+, os caminhos do feminino, do masculino e do andrógeno em diferentes culturas e linguagens (no corpo, na fala, na escrita e nas palavras). Homens e mulheres, em todos os capítulos e episódios da história do Grupo 1 Ato, e aquilo que se inaugura com as novas visões de gênero.

Acreditamos que as palavras não definem e nem esgotam, mas marcam existências. Os sons libertam a expressão das palavras, os sentidos e as possibilidades. Nesse contexto, nos questionamos: as siglas são necessárias para incluir e ser incluído? Diferentes compreensões em mesa. O que não sai de cena? A urgência de poder se expressar e comunicar? A escuta? O que resta e fica? O que pode ser vivido e se encontra vivo? Com quais corpos e materiais damos vida ao pulsar?

Foram muitas perguntas, e ao revisitarmos nossos materiais cênicos e figurinos, os bailarinos mais jovens junto a Suely Machado (diretora) e os bailarinos mais experientes, como a Marcela Rosa, tiveram conversas espontâneas e algumas sinalizações de curiosidades, desejos e momentos marcantes para cada um. Destacamos alguns dos diálogos abaixo, a respeito dos espetáculos e figurinos:

_Quem fez os figurinos do espetáculo ‘Whisky com Guaraná’? Eles estão aqui?

_Sim, são aquelas roupas azuis e brancas, vestidos, saias, que penduramos aquele dia, lembra?

_Naquela cena do Tigarigari eram sacos de lixo que pareciam um vestido longo? O que era aquilo? Pernas de pau por baixo?

_Eram vários sacos na verdade. Essas roupas ainda estão aqui eu acredito. E não eram pernas de pau, era uma pessoa segurando a outra.

_Sabia!!!! Porque tinha maleabilidade. Percebi no vídeo.

[…]

_Eu como homem poderia dançar a cena feita por uma mulher?

_Em muitas cenas sim, em outras considero que não, pelo contexto cênico. A força do acontecimento e situação. Vocês imaginam um homem falando :”_me bate bezerra!”, como na cena da Paula Davis?

[…]

_Meu sonho é fazer aquela cena: “Hello Darling”!!! Cadê aquele figurino? É meu.

_Sabe uma cena que eu também queria fazer, aquela do espetáculo Beijo, em que as mulheres parecem que estão usando um biquíni…

_Vocês podiam fazer, a das buchinhas, é muito forte.

_Camila pensei outro dia em você e nessa cena. Você em um canto, jogada, mascando chiclete…

_Sim, aqueles corpos jogados, que ficam jogados né.

_Sabe uma cena que não me sai da cabeça em nossa conversa aqui? Aquela do espetáculo Pequenos Atos de Rua, tudo a ver com o momento atual, em que a Marcela fica indicando várias direções a seguir.

[…]

_A gente podia fazer cenas do Três luas, pensando sobre o feminino.

_Marcela, você tinha que fazer aquela cena sua com o Lucas, do Jhon Lenon.

_Eu queria fazer aquele solo da Marcela no Adorno. Nossa, como me marcou!

_Eu também assisti o Adorno outro dia, e tem uma cena que uma mulher dança com uma saia, uma roupa, que parece de plástico, é isso mesmo? E vai mexendo assim com aquilo, dando uns nós…

_Sim, era plástico, e a cena foi com a Vivi. Aquele figurino foi forte, um conflito.

_Tem figurinos lindos nesse espetáculo.

[…]

_ Eu queria fazer aquela cena em que o vestido cruza o palco inteiro.

_Essa eu acho que vou fazer. Você deveria fazer também Su. Os gritos de hoje seriam bem mais fortes que naquela época (risadas).

[…]

_Em nossa pesquisa podemos fazer entrevistas com o Marco Paulo Rolla que está aqui no galpão do nosso lado, pode até estar nos escutando agora. Ele fez tantos figurinos do nosso repertório, em diferentes épocas, seria bom para entendermos melhor como foi pra ele, e termos mais espaços de perguntas nesse momento inicial.

[…]

Por aí nós começamos a organizar as ideias e as ações previstas. Os bailarinos já tinham começado a pesquisar os acervos de multimídia do Grupo 1 Ato, motivados em reconhecer a história dos 40 anos e seus espetáculos. As perguntas dos mais jovens motivaram novas possibilidades na pesquisa e, ao mesmo tempo, elas foram campo para reafirmações de percepções já consolidadas, observadas por muitos, e em diferentes épocas, que resistem aos tempos. Essa consistência e porosidade é o que dá vida ao nosso momento e caminhar. O fio…. possível pela permanência da Suely Machado e Marcela Rosa, acolhedoras e persistentes. Uma parceria duradoura que traça a continuidade, reanimada pelos corpos e afetos disponíveis das novas pessoas, que traçam junto o continuar da história do 1 Ato. A Marcela Gozzi ajudando nessa costura entre gerações. O Rafael, que ao chegar abriu uma outra janela e tom de fala. O silêncio e o olhar do Robert com suas perguntas certeiras. As colocações cheias de vida e encanto do Dalton e Camila. Assim seguimos… E saímos desse primeiro encontro nos questionando: o que faz sentido mudar e o que não faz? O que já é mudança só de ser pensado em outro tempo, com outros corpos, outras gerações, outros pensamentos, outras histórias? Algumas dessas perguntas começaram a ser respondidas para cada um de nós, e outras não. E para vocês? Como é o Primeiro Ato nesses 40 anos de existência e resistência nas artes? Quais figurinos e cenas te marcaram mais?

A nossa pesquisa, contemplada pela #leialdirblancmg (https://www.secult.mg.gov.br/leialdirblanc), a partir desse dia, ganhou mais um passo de realidade e uma marca de inauguração e acreditamos que ela só se completa com vocês. Por isso estamos aqui, para compartilhar e convidá-los a fazer este mergulho conosco, entre tramas, fios e cenas.

Aguardem que os próximos capítulos vão ser postados aqui e em nossas redes sociais, com mais detalhes. Vem com a gente!